terça-feira, 23 de novembro de 2010

Eu fui

Olhei o mar e resolvi entrar.
Entrar sem medo, ir a fundo.
Caminhando ao seu encontro,
Senti quando os meus pés foram tocados.
Diante de sua imensidão só havia eu e ele.
E sinceramente,
Não me importava nem um pouco com isso.
Eu poderia ser levada por ele naquele instante,
Não ligaria.
Não ligaria se ele resolvesse me levar com ele,
Sem rumo, sem destino, lentamente.
Eu iria sem me importar.
Iria espontaneamente buscando me tornar parte dele.
Viver com ele. Ser dele.
Caminhando junto dele para dentro dele.
Eu ia. Cada vez mais.
Já não sentia a areia.
Já não pisava firme, já não caminhava.
Meus pés estavam totalmente envolvidos.
Eu estava incontestavelmente sendo carregada.
Profundamente conduzida pelo ritmo do seu balancear.
Eu estava entregue.
Sem medo e sem olhar para trás.
Seduzida pela sua calmaria,
Mirando o horizonte e admirando sua beleza.
Tão lindo, tão grande, tão intenso.
Parecia não ter fim, parecia ser pra sempre.

domingo, 21 de novembro de 2010

Necessária loucura

Escrevi mil,
Milhões e bilhões de poesias
Com o intuito de te transmitir
Todo esse amor que habita meu peito.
Intensamente formaríamos um só.
Graciosamente nossos pensamentos
E as palavras de amor que foram ditas
Seriam embaladas pelo som da nossa canção.
A canção que cantei ao pé do seu ouvido
Mil, milhões e bilhões de vezes.
Ah, se soubesses que não vivo sem você,
Que não vivo sem esses deliciosos e viciosos sonhos
Que te trazem a mim.
Já não me importa tua ausência,
Contento-me em sonhar todos os dias contigo.
Um sonho diário, terno e necessário
Que mantém minha respiração
E meu coração saciado de você.
Isso não é loucura.
Loucura seria escrever mil,
Milhões e bilhões de poesias.

Ao amar, ame

Ao dedicar uma canção a alguém não a dedique a mais ninguém.
Deixe que ela seja única.
Ao fazer uma promessa, cumpra. 
Há alguém que confia em você, não deixe isto se perder.
Ao dizer "eu te amo", esteja seguro. 
Não diga isto em vão. Valorize e acredite mais no poder das palavras. 
Ao fazer novos amigos, conserve os antigos. 
Quando você precisou eles estavam ao seu lado.
Ao errar, peça desculpas. 
Deixe o orgulho de lado. Ninguém sabe como será o outro dia.
Ao fazer uma escolha, arrisque-se.
Nunca estaremos totalmente preparados pro que não conhecemos.
Ao se apaixonar, confie.
Confie nas pessoas. Umas vão te decepcionar... outras não.
Ao encontrar o amor da sua vida, dê o seu melhor.
Se esforce para mantê-lo por perto. Não o deixe ir sem ao menos tentar.

domingo, 7 de novembro de 2010

Coração cansado



Sabe quando o coração cansado
Já não possui tantas forças como antes,
Mas ainda vive em uma luta constante
Para não deixar de acreditar?
O coração que ainda
Se entrega e confia sem desconfiar?
O coração que ainda
Se preocupa e se doa sem se controlar?
Sabe?
Sabe quando este coração cansado,
É despedaçado, reprimido e sufocado
Por uma vez mais?
Então...
E este o coração que carrego aqui,
Dentro de mim.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bela

Confesso que detesto algumas de tuas manias,
Porém, também lhe confidencio
Que tu não serias a pessoa ideal para a minha vida
Se não fosse possuidora destas bruscas e insuportáveis manias.
Justamente porque não serias tão bela como és.
Pois, com toda certeza,
É mais fácil conviver com teus defeitos e manias
Do que seria viver sem ti.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O nascer para o além

Há quem morra todos os dias.
Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza.
Morre um dia, mas nasce outro.
Morre a semente, mas nasce a flor.
Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus.
Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida.
Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus.
Triste é ver gente morrendo por antecipação...
De desgosto, de tristeza, de solidão.
Pessoas fumando, bebendo, acabando com a vida.
Essa gente empurrando a vida.
Gritando, perdendo-se.
Gente que vai morrendo um pouco, a cada dia que passa.
E a lembrança de nossos mortos, despertando, em nós, o desejo de abraça-los outra vez.
Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los. De retroceder no tempo e segurar a vida. Ausência - Porque não há formas para se tocar. Presença: - Porque se pode sentir.
Essa lágrima cristalizada, distante e intocável.
Essa saudade machucando o coração.
Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez. Esse céu azul e misterioso.
Ah! Aqueles que já partiram!
Aqueles que viveram entre nós.
Que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida.
Foram para o além deixando este vazio inconsolável.
Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer.
Deles guardamos até os mais simples gestos. Sentimos, quando mergulhados em oração, o ruído de seus passos e o som de suas vozes.
A lembrança dos dias alegres.
Daquela mão nos amparando.
Daquela lágrima que vimos correr.
Da vontade de ficar quando era hora de partir. Essa vontade de rever novamente aquele rosto.
Esse arrependimento de não ter dado maiores alegrias.
Essa prece que diz tudo.
Esse soluço que morre na garganta.
E...
Há tanta gente morrendo a cada dia, sem partir.
Esta saudade do tamanho do infinito caindo sobre nós.
Esta lembrança dos que já foram para a eternidade.
Meu Deus!
Que ausência tão cheia de presença!
Que morte tão cheia de esperança e de vida!
Padre Juca.
Adaptação: Sandra Zilio.